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11.5.17

finitude [imperfeições alheias]

O tempo corre, é um maratonista de fundo que galga vidas com a rapidez de relâmpagos em noites de trovoada, corre e não o conseguimos alcançar nem parar como nos filmes ou nas fotografias que imortalizam momentos únicos e irrepetíveis.
Creio que ao fim de séculos ainda não nos capacitámos deveras da finitude da nossa condição humana, da rápida transformação que sofremos desde o dia do nascimento até ao último suspiro que nos entrega à dama de negro, à morte intemporal e infinita, sim porque apenas a morte é infinita e não corre, dorme na sua plena condição de "para sempre"; há gente, bastante gente, que acredita que não seja assim infinito, que há "vida" para além da morte e que nos estão destinadas várias passagens por este planeta, por este mundo ao sabor de tempo ilimitado mas eu não consigo crer em tal visão mágica, mais reconfortante até, talvez.

Confesso-vos que gostava de acreditar numa infinidade de vidas que nos estão destinadas ao longo do tempo, dos tempos que vão correndo e deixando marcas no corpo para depois se regenerar e de novo nascermos, como num ciclo gigante de vidas e construções de memórias, de momentos e de estórias; gostava de ter uma fé inabalável e acreditar que somos vários ao longo de séculos e não um só ao longo de algum tempo concedido. Mas não, não tenho e cada dia menos vou crendo em destino ou reencarnação ou outra qualquer explicação e por isso vejo o tempo galgando à minha frente e vejo o espelho mostrando mais rugas, mais cansaço, mais traços da passagem rápida dos anos que já vivi, sabendo que não se volta atrás e que o tempo não abranda, não ameniza, não retira passado e não se padece com a nossa vontade ou com caprichos de quem o tenta contornar ou trespassar.

O tempo corre, é ágil e nada o detém nem mesmo a fé dos que julgam tê-lo para todo o sempre; e entre tantas limitações o que fazemos para aproveitar cada minuto?
Parece-me que cada dia mais nos destruímos, mais confundimos as horas e esquecemos o quão limitados estamos para aproveitar tudo o que cada vida que nos coube nos oferece, andamos cegos, surdos e mudos sem entendermos que o único milagre a que temos direito é o de nascer e só esse deveria chegar para que nossos cérebros se preocupassem em correr ao lado do tempo, fazer parceria com a natureza e acampar o coração num destino pleno de vivências, de risos, de paz, de amores e descobertas brilhantes. Toldamos a mente com pressas diárias, com sofrimentos desnecessários, com guerras inúteis, com discussões fora de tom e pouco aprendemos com os avisos que a vida vai dando, com os empurrões que o tempo vai soprando.
O ser humano tem capacidades em si que transcendem a de outros animais mas parece ter vindo a diminuí-las, a esquecer o que de magnânimo pode deixar como herança aos seus, a preferir as acções negativas e a destituir-se de responsabilidade perante o tempo que gasta, que rouba, que encurta. Os nossos melhores aliados têm sido menosprezados em detrimento de valores monetários, belicistas, desumanos, destrutivos onde o ser humano se enreda e se danifica diariamente sem noção do quanto finito é, do quanto vulnerável está perante as adversidades, doenças, calamidades, acidentes, acasos negativos, infortúnios.

Talvez agora estejam a pensar que escrevo estas linhas com pessimismo e sobre um assunto negativista mas não, escrevo estas linhas com o pensamento esperançoso de que comecemos a ouvir a nossa voz interior, a cuidar do nosso corpo como cuidamos da casa, do automóvel, dos outros, a dar importância aos detalhes e a minimizar o tempo gasto com assuntos inférteis e debates infrutíferos. É óbvio que a perfeição não existe, que os erros acontecem, que somos humanamente bipolares porque andamos equilibrados entre a mente e o coração e muitas vezes não conseguimos o equilíbrio saudável que almejamos mas também é um facto inegável que nos temos vindo a perder, que temos optado pelas soluções mais fáceis, que temos abdicado de sonhos realistas e não temos sabido interpretar os avisos constantes que o planeta nos faz nem ouvido com clareza os sussurros que nosso corpo nos transmite a cada acordar; num instante estamos vivos e num mesmo instante morremos, sem volta atrás porque não vivemos numa tela de cinema, sem tempo para questionar: fui feliz?

O tempo anda, é um veloz corredor de distâncias que atravessa dias e anos com a urgência de um oásis em pleno deserto, anda em passos apressados que não pudemos imitar e só nos resta colocá-lo lado a lado e com ele galgar a vida em passos satisfeitos por caminhos únicos sem perder de vista a essência do amor, do equilíbrio, da paz, da sabedoria e mantendo o foco na construção de flashes memoráveis, inesquecíveis, intensos e perpetuados nas gerações vindouras.
Eu por mim vou falar ao tempo, correr com ele e redescobrir-me ao espelho com a convicção de que desperdiçar o milagre da vida é dar à morte alegrias diárias…e eu da morte quero distância, a distância que me esteja ainda concedida para sorrir, ouvir, observar, reagir, amar, construir, viver!!!
Aliem-se ao tempo, corram com ele e sejam mais felizes.


5 comentários:

  1. Gostei muito de ler esta reflexão, confesso que por vezes tenho o mesmo pensamento..
    beijinhos

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    1. é difícil lidarmos sempre com esta ideia de que este é o nosso tempo e pronto... tudo acaba.

      Beijinhos

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  2. " Confesso-vos que gostava de acreditar numa infinidade de vidas que nos estão destinadas ao longo do tempo, dos tempos que vão correndo e deixando marcas no corpo para depois se regenerar e de novo nascermos, como num ciclo gigante de vidas e construções de memórias, de momentos e de estórias; gostava de ter uma fé inabalável e acreditar que somos vários ao longo de séculos e não um só ao longo de algum tempo concedido. Mas não, não tenho e cada dia menos vou crendo em destino ou reencarnação ou outra qualquer explicação e por isso vejo o tempo galgando à minha frente e vejo o espelho mostrando mais rugas, mais cansaço, mais traços da passagem rápida dos anos que já vivi, sabendo que não se volta atrás e que o tempo não abranda, não ameniza, não retira passado e não se padece com a nossa vontade ou com caprichos de quem o tenta contornar ou trespassar."

    Durante muitos anos vivi com esta crença, chegando a pontos de só esperar pela "próxima vida, pela próxima mudança...
    Agora? Estou numa fase de aprender a viver a vida que construí :)

    Beijinho,

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    1. Quando chegamos a essa fase... é que a vida começa verdadeiramente... somos nós que construimos a nossa vida e é com isso que temos de aprender a viver e ser felizes :)

      Beijinhos

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  3. Dou por mim a pensar muitas vezes assim... caramba, o tempo corre mesmo! tao depressa estou a dar o pequeno almoco ao meu meu peqenote como estou a vestir-lhe o pijama para voltar a adormecer... Incrivel!
    Bjinhosss
    https://matildeferreira.co.uk/

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