Quando se tem duas crianças pequenas e se tem de começar um novo dia às três da manhã, as noites são muito curtas.
Eu e o D. gostamos de deitar as miúdas entre as 8 e as 9, na verdade queriamos deitá-las antes mas era preciso que elas deixassem. No máximo às 10 já temos de estar na cama porque às 3 o D. acorda para ir trabalhar. São apenas cerca de 30 os minutos que reservamos para nós. Normalmente trazemos uma refeição bem leve para a sala de estar e vimos um excerto do filme que escolhemos à segunda-feira e que passamos a semana toda a ver aos bocados. Na verdade vimo-lo como todas as pessoas, com os devidos intervalos, a única difereça é que incluimos a vida nos interválos do filme e não o filme nos interválos da vida.
A semana passada vimos um filme inspirador. Além de estar carregado de actores brilhantes, o seu enredo era absolutamente motivador e dotado de uma esperança na vida e nas expectativas que cada um tem da vida e dos desvios que tantas vezes deixamos que aconteçam por comodismo, conformismo, falta de esperança, vivacidade, determinação. O certo é que tantas, mas tantas vezes, somos conduzidos pela vida em vez de ser a vida a ser conduzida por nós. E conforme vamos envelhecendo e percebendo que, o tempo que temos para a frente fica a cada dia menor ao que vai ficando para trás, descobrimos que a vida não reservará para nós aquilo que achamos que está à nossa espera e sim, que somos nós que temos de criar o que queremos da vida sem barreiras culturais, medos ou fronteiras. Não nos vai cair no colo a carreira de sonho, o filho desejado, a viagem esperada, o futuro brilhante que construimos e desconstruimos nas nossas mentes de acordo com a dificuldade que temos em começar. E no fim, um dia olhamos para trás e desejamos ter começado antes mas, na verdade, o que temos de festejar foi o facto de não termos desistido de começar.
Nunca, nunca, é demasiado tarde para se começar ou re-começar. Nunca é tarde para mudar. Nunca é tarde para se ser feliz. De que vale lamentações se a chave da mudança está única e exclusivamente em nós, na nossa capacidade de não desistir da vida mesmo quando ela, às vezes, nos parece que desistiu de nós.
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