Tenho recordações tão remotas de quando era criança que acho que passei essa fase em meia dúzia de momentos e depressa me vi na adolescência. Lembro-me das brincadeiras e jogos de rua, dos milhentos legos da H., da cave da R. que era um fantástico quarto de brinquedos de onde não apetecia sair. Lembro da casa de bonecas da minha prima, feita dedicadamente pelos meus tios, das bonecas de papel com um extenso guarda-roupa feito por mim e das idas ao parque infantil, levada pelos avós, Lembro-me dos saraus de ginástica acrobática e do medo de falhar um salto. E dos amigos feitos no parque de Campismo da Arrábida. E depois, crescemos sem saber as palavras que não sabíamos dizer, ou tínhamos dificuldade. Sem sabermos muito bem de onde vem a habilidade de misturar as cores da melhor maneira ou o gosto pela leitura por causa de um determinado livro que nos marcou. Sem sabermos porque escolhemos aprender guitarra em vez de piano.
No final do ano passado, quando a minha L. começou a construir frases e a fazer-se entender melhor, tanto em inglês como em português, decidi que este ano lhes começaria a criar um compendio deste tipo de registos. As palavras ditas com mais dificuldade, a escolha do primeiro instrumento musical, o primeiro desenho em aguarela, a primeira tentativa de escrever o nome... e tantas outras pequenas coisas que um dia saberá tão bem recordar. Como o primeiro capitulo de uma história. O primeiro capitulo da história de cada uma das nossas filhas.
E após mais um fim-de-semana cheio e corrido, penso que o tempo corre, de facto, muito apressado, que não temos talvez criado as ditas memórias que elas nunca se esquecerão, que um dia serão adolescentes e não se lembrarão dos melhores anos, aqueles, da inocência. Ainda está por começar o livro das suas recordações e penso nos momentos que ficam sempre adiados e que, esses sim, fariam as suas memórias para sempre.
O inverno é passado maioritariamente em casa e, muitas vezes por aqui estarmos, sentimo-nos arrastados para as inúmeras lides domésticas que há sempre para fazer. Sai-se quando é estritamente necessário e tenta-se descansar (tantas vezes sem êxito) para a semana que aí vem.
E se for absolutamente necessário fazer memórias? Talvez saíssemos mais vezes para o parque infantil, ou para um passeio à beira mar, para fazer um castelo de pedras, ou simplesmente para fazermos um piquenique no jardim aqui de casa.
Assume-se então o compromisso e toma-se a decisão de que fazer memórias é prioridade máxima e registá-las vem logo a seguir. E afinal é tão simples fazê-los sorrir.
Adoro fazer memorias :) Ja enho a caixinha do Lu pronta, agora e so enche-la de registos memoraveis :)
ResponderEliminarBjinhosss
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