Desde
que fui mãe que raramente ponho o pé fora de casa depois das 6 da
tarde. As minhas sextas têm sabor a
segundas-feiras, dormir até tarde ao fim de semana não existe.
Passo os dias todos da semana a correr de
um lado para o outro, sem tempo para parar
um segundo e respirar fundo – quanto mais pensar
na minha existência. São mais as vezes que ando
em piloto automático - entre
fraldas, banhos e cozinhar refeições – do que
em modo normal. Por isso, se falarem comigo enquanto estou a meter as
minhas miúdas na cama, a responder a um email urgente do trabalho e
a escovar os dentes – tudo ao mesmo tempo - não fiquem chateados
se receberem um grunhido em vez de uma resposta mais elaborada da
minha pessoa. E têm sorte de eu ainda ter tentado responder!!
Muitas
vezes me pergunto como é que a maior parte das mães que eu conheço
conseguem sobreviver a este ‘faff-faff’ de actividades, tarefas e
prazos, e ainda sentirem-se humanas? Porque eu chego ao fim do dia de
rastos, com sono, e sem vontade para nada a não ser dormir.
Chamem-me
o que quiserem, mas quantas vezes as minhas miúdas estão já a
dormir, e eu, que entretanto consigo sempre abrir o Netflix, só para
– adivinhem! - ao fim de 5 minutos perder a noção das coisas e
largar o telemóvel ao meu lado (se não for na minha cabeça!!) já
estou ferrada no sono de tal maneira que só dou por mim na manhã
seguinte!
Nem
vou falar na peripécia que é tentar tomar um duche de 5 minutos com
as duas em casa...! Ou o faço com plateia, ou tenho de sair mil
vezes (muitas vezes ensaboada) da banheira porque as duas se estão a
pegar, ou pior ainda, porque as duas estão extremamente silenciosas
(e mãe que é mãe sabe que silêncio não é nunca uma coisa
boa!!).
Por
tudo isso e muito mais, é importante arranjar um tempinho só nosso,
para podermos fazer as coisas de que nós gostamos, sem interrupções
nem stresses. Para mim, esse tempo é normalmente à noite, na vasta
maioria noites de sexta e sábado, quando eu sei que não tenho
grandes compromissos durante o dia seguinte e posso compensar uma
noite mal dormida com um dia mais ‘light’ em casa. Desde que
comecei a reservar esses momentos só para mim que me sinto muito
mais disposta a encarar o dia seguinte com garra, força e
determinação.
É
um tempo que eu considero só meu, um tempo que eu só divido com as
pessoas que eu quero, como quero – às vezes nem divido esse tempo
com ninguém, vejo um filme, oiço música, leio um livro... penso no
futuro, aproveito para descomprimir, relaxar, e fazer aquilo que
realmente me apetece.
Desde
que me separei, este me-time ganhou uma dimensão mais especial
ainda, porque me faz sentir que recuperei o controlo da minha
própria vida – algo que me fugiu um bocado da mão quando estava
casada – e tudo no meu próprio espaço e com o seu próprio tempo.
Gosto tanto destes momentos só meus, que não sinto necessidade de
ter alguém para dividir a minha vida... aprendi a gostar de estar
sozinha e a só procurar companhia nos meus termos.
Vivo
para as minhas filhas, e vivo para mim. E para já isso basta-me.
Para quê complicar? Para quê mudar o que funciona? Todas as mães
deviam ter o seu me time, pelo menos 1-2 vezes por semana, para
poder recarregar baterias, e alimentar o amor-próprio e a
autoestima, que muitas vezes está submersa dentro de nós somente
porque passamos o tempo atrás de tudo e todos... menos de nós
mesmas.
por Leonor Silva de Mattos
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