O sistema de saúde em Inglaterra (também chamado de NHS – National Health Service) é fantástico, e neste último mês eu tive a prova disso mesmo. Quando a minha mais pequenina começou a ficar constipada, eu não liguei muito. No infantário andava toda a gente doente, na escola da mais velha também havia surtos de tudo e mais alguma coisa – algo normal para esta altura, com o começo do ano lectivo e do Outono. Andei umas semanas a empatar uma ida ao médico na esperança que as coisas se resolvessem naturalmente.
Aqui
não vale a pena levar as crianças ao médico de família
(também chamado de GP a General Practitioner) com
este tipo de sintomas, eles normalmente mandam-nos para casa gerir a
situação com paracetamol e ibuprofeno, e dizem-nos para voltar se a
febre não baixar com esses medicamentos, ou se continuar ao fim de
5-10 dias com um
agravamento geral do estado de saúde da criança.
Sendo
um vírus não há nada a fazer.
Antibioticos só funcionam quando há
infecções bacterianas. E na maioria dos casos é
mesmo uma virose. Mas no caso da minha mais nova, essa virose acabou
por se agravar, e com a febre veio também a tosse com muco, e mais
tarde, dificuldade em respirar. A primeira coisa que eu fiz foi ligar
para o pai das meninas, avisar que ela não estava bem e que ele
teria de vir ter connosco porque eu provavelmente teria de ir ao
médico com a mais nova e ele precisava de ficar com a mais velha se
isso acontecesse. Depois liguei para o 111.
O 111 funciona como uma triagem inicial, e de acordo com a situação, encaminham para o hospital, para um GP de 24h, ou dão conselhos para ajudar a gerir a situação quando esta não requer nem um nem outro. O número de emergência é o 999, que só deve ser utilizado em situações mesmo muito graves, de vida ou morte.
O 111 funciona como uma triagem inicial, e de acordo com a situação, encaminham para o hospital, para um GP de 24h, ou dão conselhos para ajudar a gerir a situação quando esta não requer nem um nem outro. O número de emergência é o 999, que só deve ser utilizado em situações mesmo muito graves, de vida ou morte.
No
caso da M, não foi preciso muito para a rapariga do 111 chamar uma
ambulância. Ela conseguia ouvir a minha mais nova a respirar de
forma muito pesada do outro lado do telefone. Depois de responder a
algumas perguntas, mandaram os serviços de emergência quase de
imediato. Primeiro veio um médico num carro à parte, que depois
confirmou ser realmente necessário transportar a mais nova para o
hospital. Os níveis de oxigénio dela estavam muito baixos e eles
estavam preocupados com o ritmo cardíaco dela que estava elevado.
Ela tinha muita febre que tinha baixado muito pouco, apesar de se ter
alternado o paracetamol e o ibuprofeno a cada 4 horas.
Com
a mais velha a dormir, valeu-me a minha vizinha que ficou a olhar por
ela enquanto o pai delas chegasse.
Na
chegada ao hospital, fomos novamente levados a uma triagem, e daí
deram-nos uma cama de observação. Entre os exames necessários, e
os tratamentos de aerossóis que fizemos, incluindo um raio-x - não
tenho nada a apontar. Fui sempre informada do que se estava a passar,
trataram-me sempre com respeito, e mesmo nos momentos de grande
aperto emocional, senti que estava devidamente apoiada.
Como
a M não melhorou em observação, fomos transferidos para a
enfermaria de crianças do hospital ás 7 da manhã. Nessa altura já
eu tinha dormido uma horinha, mas estava esfomeada, extremamente
desgastada, e nervosa porque entretanto o raio-x tinha de facto
demonstrado que a M estava com uma infecção pulmonar, que apesar de
ligeira ía requerer antibiótico e aerossóis. Ficámos admitidas na
enfermaria o dia praticamente todo. A M teve o prazer de brincar na
sala de brinquedos da enfermaria (que era enorme), e eu tive a sorte
de poder tomar pequeno almoço e almoço com ela porque ainda estou a
amamentar.
Ao
final do dia, depois de uma sesta valente com ela no meu peito, a
febre começou a baixar, e os valores de oxigénio e batimentos
cardíacos começaram a regularizar-se. Deram-nos alta pouco depois,
com antibiótico, aerossol, e indicações de voltarmos lá
imediatamente se a situação se voltasse a agravar. Não se agravou
até há uma semaninha atrás em que fomos novamente de ambulância,
quase com os mesmos sintomas, mas desta vez foi tudo causado por uma
infecção urinária, que nesta altura já foi controlada – com
outro tipo de antibiótico.
A
mais velhinha também apanhou a infecção pulmonar da irmã, mas
bastou uma consulta no GP, e uma dose de antibiótico. Nesta altura
as coisas estão tranquilas, e espero que assim permaneçam. No
entanto, muito devo a todos aqueles que cuidaram da minha mais
novinha em casa e no hospital, e todos aqueles que estiveram do meu
lado (física e virtualmente) nessas horas de aperto.
Para
emergências de vida ou morte, deve-se sempre marcar o 999.
por Leonor Silva de Matos
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