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18.7.16

Casa é... onde somos felizes sem estarmos de férias


De regresso à vida como ela é. As férias já foram, muito sol, algum mar, alguma praia, menos comida do que nos outros anos, muita rua e pouca casa. As miúdas adoraram fazer castelos na areia da praia, a Clara delirou com a piscina e as braçadas que já foi tentando dar, a Laura vibrou com as brincadeiras do primo R. e nós voltamos tão cansados como fomos mas com a certeza que é aqui, neste país, que queremos morar (pelo menos enquanto nos for permitido). 

Com os últimos acontecimentos do brexit, com a nossa vida um pouco baralhada, a motivação em baixo e a ilusão de que seria tudo mais fácil perto dos nossos, saímos de Inglaterra, rumo a Portugal, a duvidar de um possível futuro aqui, sentíamo-nos olhados, apontados e descriminados. Talvez até revoltados por não termos podido votar, por terem decidido por nós o nosso futuro, o futuro dos nossos filhos. 

Sempre que vou a Portugal acontece-me o mesmo. Vou cheia de esperança e saudade e venho cheia de certeza de que não conseguirei voltar a viver lá e, se o fizer por necessidade, será longe de tudo, num canto só nosso a sul do Tejo, onde possamos andar a pé sem medo de ser assaltados, onde haja sempre lugar para estacionar e onde a vida corra mais devagar. Portugal é o paraíso que todos sabemos, tem a comida mais saborosa, carregado de pessoas espontâneas que fazem do futebol a alegria e do fado a tristeza. Mas é também o país onde as fraldas descartáveis possuem IVA de 23% enquanto que uma refeição em restaurante sofre um acréscimo de apenas 13%, tudo uma questão de prioridades na escala do que é realmente importante. E este exemplo do IVA vale para tudo em Portugal. Existe uma enorme confusão entre o que é fundamental e o que é supérfluo. A sinalização de trânsito é outro exemplo disso. E é por isso que Portugal não chega a lado nenhum, nem um turista, ou alguém que não conheça os lugares de cor, chega a bom porto. Falta a todos um bom sistema de navegação. 

Em jeito de conclusão, entendo que, entre o que nós imaginamos/sonhamos, e a realidade, está um abismo. E entre o sonho que construí na minha cabeça de uma vida no meu país e esta realidade em que me encontro, vai um abismo ainda maior. Inglaterra recebe-me e brinda-me hoje a este recomeço com os braços abertos, tão abertos como os das amiguinhas da L. que a acolheram com entusiasmo. Recebe-me com sol e calor. Com sorrisos de boas-vindas e perguntas afetuosas. E eu, mesmo com brexits, sinto-me de novo em casa.

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