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2.2.17

à altura da ocasião [imperfeições alheias]


A vida é uma estrada repleta de curvas, cruzamentos, rotundas, caminhos sinuosos, declives.
A cada dia enfrentamos esse caminho de diversas formas, fazemos escolhas instantâneas, enfrentamos julgamentos dos demais, combatemos o status quo social, deparamo-nos com incertezas e a cada minuto temos de conseguir gerir toda esta carga de emoções para que o dia resulte o mais benéfico possível, o menos complicado e o mais saudável que nos apraz.

 Durante a nossa existência somos bombardeados por diferentes ideias, culturas, maneiras de pensar e estar, leis a cumprir, sinaléticas mais ou menos importantes e tudo isto processado, a mil à hora, dentro do nosso cérebro já ocupado com cargas emocionais, afectivas e de auto-sobrevivência; como conseguir equilibrar tanta informação é uma questão que tem dado 'pano para mangas' a cientistas, filósofos, políticos , historiadores, escritores, artistas...

Com toda esta roda viva seguimos muitas vezes padrões que não se encaixam veramente na nossa personalidade, vamos tolerando críticas sem que estas nos sejam producentes ou nos levem a melhorar, resistimos a mudanças por vezes necessárias à nossa felicidade, erguemos muros à volta dos que mais nos querem de coração.
Viver pode tornar-se assim numa experiência bela ou medonha, consoante as nossas lutas escolhidas e vencidas ou simplesmente por se nascer no tempo errado, no lugar menos esperado ou ainda apenas por se nascer mulher e são todos estes factores, e muitos outros, que nos impelem a um constante equilíbrio entre a vontade e a necessidade, entre a razão e a emoção, entre o pensamento lógico e o sonho, entre o que queremos para nós e o que os outros esperam de nós…
Perante tanta escolha a fazer, tantas vozes a ouvir, tantas opiniões para filtrar, corremos o risco de nos tornarmos por vezes marionetas de um sistema vicioso, egoísta, desconcertado sem que notemos o teor das consequências nefastas à nossa integridade moral e física e podendo fechar os olhos sem brilho e não levando na alma qualquer magia do tempo por cá vivido. É vital que consigamos a determinada altura, na fase essencial do crescimento ou na maturação da mente, erguer a cabeça, munir o coração de ferramentas especiais e colocarmo-nos à altura dos acontecimentos decisivos que farão de nós melhores seres humanos, mais capazes de amar sem barreiras, sem medos, sem ódios.

É no fundo conseguirmos subir a fasquia à altura dos nossos sonhos sem conceber juízos de valor e sem ultrapassar aquilo que nos define e nos torna únicos perante nossos semelhantes; cada um de nós é uma semente que cresce e se torna árvore frondosa, dá frutos ou flor, faz sombra e protege, respira e alimenta e no fim do seu tempo se desnuda e morre; e tal como cada árvore também cada um de nós tem em si um papel determinado e um caminho a cumprir, sendo capaz de o entender, melhorar, disseminar, cumprir em plenitude sem que as influências exteriores nos derrubem ou desencaminhem.

Viver não é uma passagem por este planeta, não pode ser uma corrida contra o tempo ou uma sequência de passos aleatórios; viver é um salto de fé, uma jornada de compreensão e de liberdade que nos deve impelir a sermos honestos para com a nossa individualidade, a não cedermos a vontades alheias e a recuperarmos a cada dia a grandeza de respirar, ver, sentir, degustar, partilhar, amar.
Estarmos à altura de cada uma das situações é o caminho mais sereno para nos reinventarmos e sermos melhores versões a cada dia que nos é devido

por Nádya Prazeres

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