Não é fácil contornar as notícias diárias que a
televisão teima em mostrar sempre pelo lado negro, ouvir mais uma
catástrofe, mais um acidente, mais pessoas morrendo de fome, mais um
teatro de guerra destruído e mais floresta ardida, gente
sem casa e outros cenários de sangue e maldição.
Não é tarefa rápida nem segura conseguir abstrair
nossa mente de tanta falha humana, de tanto choro do planeta terra que
se insurge contra as agressões que se acumulam na biosfera; e não é
seguramente difícil deixarmo-nos desiludir, perdermos
o rumo, desistirmos de ser feliz em todas as ocasiões.
Mas o que necessitamos de entender a cada hora que
passa, a cada cabelo que embranquece, a cada ruga que surge, a cada
pedaço de pele que envelhece é que a vida não espera pela altura em que
estejamos preparados para a verdadeira mudança;
a vida empurra-nos para caminhos encruzilhados com o propósito de nos
abanar, de nos fazer pensar no melhor passo a dar para a descoberta
mágica da simplicidade das coisas. Não é viver que é difícil mas sim
dedicar-lhe alma e coração, todos sabemos sobreviver
aos dias respirando e alimentando o corpo mas poucos sabem transformar
tal energia em pedaços de céu estrelado e vestir o corpo de bondade, de
festa.
A vida é uma passagem, uma ponte que atravessamos
em direcção ao desconhecido e que tem quilómetros contados embora não os
possamos visualizar; esta incógnita que pendula sobre nossas cabeças
deveria ser o mote bastante para não nos aterrorizarmos
com o mal, para nos mantermos sãos e em uníssono com a natureza que nos
criou, para não destruirmos a casa que decidiu albergar-nos sem pedir
em troca mais que cuidado e compaixão.
O acto de viver com tempo contado teria de ser a
arma utilizada na construção de sonhos, na fraternidade entre povos, na
compreensão de ideais diferentes; seríamos eficazes como estandarte de
uma inteligência posta apenas ao serviço do
sorriso, da liberdade, se não deixássemos nosso cérebro ser domado pela
sede de poder materialista. Ao longo de séculos os homens corroeram-se,
destituíram-se da racionalidade que os deveria distinguir dos outros
animais, aprisionaram-se, maldisseram seus
antecessores, destruíram ideais e dizimaram-se em troca de territórios,
de dinheiros e estatutos socioeconómicos.
Mas o que hoje vos quero mesmo contar vai para além
do que deveria ser viver, disso já vos escrevi aqui , vai de encontro à
estória da mulher que um dia acordou, se olhou no espelho e percebeu
que metade da sua vida já estava contada nas
marcas do corpo, nos primeiros cabelos brancos e nas primeiras rídulas
ao redor do olhar; uma mulher de ar jovial e olhar triste mas de
sorriso fácil e captado com ligeireza pelos olhares atentos dos seus,
uma mulher desiludida com seu passado por se ter
submetido demais às vontades alheias e não ter gostado mais de si como
sempre lhe aconselhara sua mãe, sábia e lutadora. Até ao dia em que o
espelho lhe indicou a única arma que precisava utilizar para reverter
dias difíceis, noites solitárias, convívios ensossos,
a arma de ser fiel a si, de acreditar em si, de sonhar-se a si.
Sabemos que não é fácil modificar padrões de vida,
que não acordamos de repente uma outra pessoa e nem o mundo desperta
completamente cor-de-rosa onde todos sorriem e onde não há vislumbre de
maus exemplos, más pessoas. Mas posso-vos dizer
com a certeza de estar aqui que tudo o que necessitamos para mudar é de
acreditar. Acreditar no nosso íntimo, escutar a nossa intuição,
despertar as armas secretas com que nascemos dotados e perseguir todo e
qualquer sonho por mais disparatado que possa parecer
é tarefa mais simples que se julga porque é algo inato ao ser-se
humano.
A proliferação dos desvios que temos visto ocorrer
nas sociedades, para que o mal semeie e se multiplique, não é inevitável
nem marca da génese humana mas sim apenas produto daqueles que deixaram
há muito de crer, de sonhar, de ser criança
de coração, de amar e de se vestir de coragem. A coragem de nos
enxergarmos, de nos ouvirmos, de nos transfigurarmos em nosso melhor
poder é a arma que nos livra de dissabores, de mortes precoces, de dias
cinzentos, de desamores fatais; a coragem de sermos
magia de outrem, de vestirmos os corpos de sorrisos e abraços e a
coragem final de aceitarmos que só com fé em nós primeiro poderemos
encetar pela única estrada que a vida premeia: a estrada da magia de ser
humano!
Posso-te dar um conselho? – então fecha os olhos,
inspira e expira todo e qualquer dia cansado, ouve apenas o bater do teu
coração, assimila todo e qualquer sonho por realizar, visualiza-te a
sorrir, engrandece a imagem que tens de ti;
abre os olhos e deixa o espelho devolver-te a magia que deixaste cair
ao longo dos dias mais difíceis, concentra-te em ti, abre os braços e
abraça-te porque apenas contigo terás de ajustar contas.
Sentes-te melhor? – é apenas o primeiro passo para
que de hoje em diante sejas como a mulher de que falei, mais crente de
que não é difícil viver se o fizeres com ajuda da única arma que
necessitas: a crença em Ti!
por Nádya Prazeres
por Nádya Prazeres
Concordo com tudo! Não sei o que se passa neste nosso planeta mas queria tanto que as coisas mudassem. Já deixei de ver tanto as notícias, são só desgraças!
ResponderEliminarAcreditar em nos proprios e meio caminho andado para vivermos melhor seros mais felizes :)
ResponderEliminarBjinhosss
https://matildeferreira.co.uk/