A cada início de ano
criamos novas expectativas, escrevemos listas de desejos a
cumprir, mudanças que prevemos e almejamos e depois das
festividades e superstições cumpridas ficamos em constante
competição com uma agenda de metas e frases de inspiração
retiradas das infinitas páginas de motivação das redes sociais.
Mas serão estas
listas realmente viáveis ou capazes de serem cumpridas?, ou
estaremos apenas a sobrecarregarmo-nos com esperanças irreais
ou desejos que levam muito mais que um ano a serem atingidos? Porque quase sempre chegamos ao fim de mais um ano e entendemos que
grande parte da lista inicial não se cumpriu, não se tornou real,
não nos modificou no essencial, acabando defraudados e a
questionar onde errámos mais uma vez, em que método falhámos de
novo ou por que não conseguimos em certos casos iniciar
sequer tal vontade ou necessidade.
Claro que há
pessoas que convivem bem com listagens, que se pautam diariamente por
objectivos a cumprir com prazos definidos, que se orientam por
medidas que as fazem escolher este ou aquele caminho, preferir
este ou aquele lugar, atingir este ou aquele sonho finalizando cada
ano a sentirem-se plenamente cumpridas, sabendo que conseguiram o que
se propuseram.
Mas a mim
parece-me que talvez seja mais eficaz, mais honesto, que apenas
desejemos a cada ano sermos melhores humanos, sermos capazes de
orientar as nossas capacidades em prol de pequenas metas e não de
sonhos desmedidos ou irrealisticamente cronometrados; ter uma visão
do todo antes da unidade é quase sempre castrador de realizações
vivenciais e leva-nos a não admirar o pormenor do trabalho diário
na obtenção do que desejamos e nos faz respirar. O motor das
decisões a cada início de ano deveria ser a nossa experiência, o
nosso ritmo para alcançar metas fidedignas, reais, necessárias ao
bem estar psicológico e físico, sem a carga social de que é
preciso dar voltas de 90 graus a cada ciclo que passa.
A pressão a que
nos sujeitamos demasiadas vezes com expectativas desmesuradas,
ou criadas pelos que nos rodeiam, leva-nos a esquecer a essência
da simplicidade que deve estar detrás de cada resolução, de cada
passo dado para atingir a felicidade e para nos realizarmos
enquanto ser humano; é com leveza que os sonhos mais intensos se
realizam, é com serenidade que os momentos mais belos acontecem e é
com amenidades que conquistamos o nosso lugar ao sol.
por Nádia Prazeres
Sem comentários:
Enviar um comentário