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22.11.16

é oficial, sou uma má mãe!

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Se não for bem sucedida em mais nada então o meu papel neste mundo foi ter sido mãe. Gostava de pensar assim quando chegar o meu dia. Quando as minhas filhas estiverem criadas e bem sucedidas, ou seja, felizes, na vida que escolheram para elas; capazes de enfrentar as dificuldades, crescerem com os erros, responsabilizarem-se de cabeça erguida pelas falhas. Se o futuro não me proporcionar sucesso a mais nenhum nível que não este, sentirei com certeza o sucesso delas como meu e irei feliz com a sensação de missão cumprida no mais profundo canto da minha alma. Neste percurso ainda tenho muito que aprender e principalmente cultivar alguma tranquilidade nesta ansiedade da espera; saber que os meus erros podem sair caros mas que só terei a fatura daqui a muitos anos, quando me perguntarei: "mas onde é que eu errei?"

A L. está no ano R. É o ano escolar que antecede o primeiro ano aqui em Inglaterra. A L. já traz para casa trabalhos de casa semanais. Ela chega a casa passa pouco das 15h, come alguma coisa e senta-se ao pé de mim para eu a ajudar. A L. tem 5 anos feitos há menos de 1 mês. Como é uma criança pequena, perde-se muito facilmente. Passados 10 minutos do primeiro entusiasmo, a L. distrai-se com tudo e a partir daí é difícil não gritar com ela, ela provoca literalmente e toda a nossa boa vontade em ajudá-la passa a cansaço e frustração por não lhe conseguir chegar. 
É preguiçosa, não presta atenção, perde totalmente a concentração, etc... Os fins de tarde não têm sido agradáveis para nós. Eu questiono-me, será que sou eu que estou a ser muito rigorosa na execução dos trabalhos de casa? Quero que seja ela a fazer, a entender e a conseguir fazer sózinha quando no dia seguinte a questiono sobre a mesma matéria?  

Levo o pensamento para um nível mais abrangente e verifico com preocupação que as minhas filhas não andam sempre aprumadas, nem sempre lhes consigo ler antes de irem para a cama,  não fazem propriamente nem estritamente refeições saudáveis e os momentos à mesa são [muitas vezes] tensos e cansativos, não têm a minha atenção quando querem, etc... que raio de mãe sou eu? Simplesmente não tenho tempo para tudo e não é porque estou a arranjar as minhas unhas ou a aproveitar um banho de emersão... não, não sei para onde vão as 24 horas do meu dia mas sei que não são dedicadas exclusivamente a mim.

Questiono-me, a L. passa seis horas e meia na escola para aprender inglês e matemática e, não sendo eu contra os trabalhos para casa, pergunto: o que fará ela nas mais de 32 horas por semana que passa lá, se é nas 3 horas diárias que passa comigo que tem de aprender a ler, escrever, contar, respeitar o próximo, ser civilizada e educada, saber vestir-se, calçar-se, arrumar o quarto e tudo o que desarruma, lavar os dentes, saber tomar banho sózinha, apertar o casaco, ter responsabilidade pelas suas coisas, saber comer e fazer algumas coisas como uma sandes, perceber como se comportar de uma maneira geral, o valor da amizade, o certo, o errado, aprender a não inventar nem mentir,..., e ainda ter tempo para pegá-la no colo, abraça-la, dizer que a amo e que amanhã tem de se concentrar mais nos estudos porque se o fizer terá mais tempo livre para brincar.

Nisto vem-me à lembrança que a L. não é filha única e dessas 3 horas que eu disse que tinha percebo que a ela só lhe pertence metade.

Em Inglaterra existe uma professora (pelo menos) em cada classe e existe uma assistente da professora. A L. tem uma professora e, pelo menos, 3 assistentes. A L. confunde o "d", o "b", o "p" e o "q", o "f" com o "t", etc, e sou eu, depois de um dia intenso de escola, ela com a cabeça cansada e eu com as lides domésticas e o trabalho para fazer, que tenho de passar o pouco tempo livre com a minha filha a chatear-me com ela.

Eu já fui filha, já fui aluna, já tive carradas de trabalhos para casa, numeração romana a deitar pelos olhos, não me lembro de ter qualquer apoio dos meus pais para estudar (até porque ambos trabalhavam) mas lembro-me de que não tinha 5 anos e por isso já sabia bem o que tinha de fazer sem depender dos meus pais para isso.

Como farão os pais que trabalham fora e têm 3,4,5,6 filhos? Preciso de um milagre!

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