Estamos a caminho de Portugal, e estamos a viajar
de carro. Louca? Eu? Talvez... Mas as vantagens de se viajar de carro
em vez de avião compensam e muito. Podemos levar muito mais coisas
(o que com uma criança de 5 anos e outra de 18 meses, é certamente
uma necessidade), e vemos muito mais do mundo. É também uma óptima
oportunidade para ensinar à V um pouco mais sobre países, fronteiras
e línguas estrangeiras.
Esta
vai ser a primeira longa viagem da M, que gosta muito pouco de andar
de carro mas até se tem portado muito bem. A V não é noviça
destas andanças, quando ela tinha mais ou menos a idade da M fizemos
um mini-tour na Europa, fomos até à Bélgica, Holanda e França.
Esta é – se não estou em erro – a terceira viagem a Portugal de
carro com ela... Já deveria estar habituada, mas desde que saímos
do Eurotunnel em Calais, a cada cinco minutos ela pergunta ‘are we
there yet?’... Salvem-me!
Preparar
uma viagem deste tamanho requer tempo, perícia, experiência,
método, e alguma sanidade mental. Para além de me certificar que
não me esqueço de nada, tenho de organizar alojamento e aceitar que
vou ter de parar de 2-2 horas, ou mais, para esticar pernas, comer,
relaxar, ou dar de mamar à mais nova. Por isso uma viagem que dois
adultos podem fazer num dia, demora dois dias e meio para nós.
Levamos
iPads carregados de jogos e vídeos (viva a Peppa Pig!), snacks,
livros, peluches, legos, play-doh, lápis de côr e de cera, papel
(muito papel!), livros de colorir, quadros magnéticos e carimbos.
Levamos também uma mala para as estadias de hotel, com duas mudas de
roupa para cada uma de nós e os produtos de higiene essenciais
(fraldas, shampoo, amaciador, gel de banho) mais os produtos normais
de farmácia e primeiros socorros para quem viaja com crianças
pequenas.
Paramos
sempre para almoçar, ás vezes mais tarde que o normal, os
nossos snacks - na sua maioria sumos, frutas, e leites com
chocolate, gressinos, pacotes de bolachas – vão dando para ir
matando a fome até à próxima estação de serviço.
Nas
paragens que fazemos para dormir, normalmente em hoteis à beira da
estrada, tentamos manter as rotinas de casa: jantar, lavar os dentes,
brincar um pouco e cama. Enquanto a mais nova
adormece a mamar, a mais velha precisa de persuasão para se meter na
cama sem o iPad e disposta a dormir. A excitação da viagem é maior
nela que na pequenina, e por isso tenho de lidar com alguns medos, e
inseguranças devido aos ambientes estranhos e novos que enfrentamos
todos os dias.
Muitas
famílias conhecem bem esta realidade de viajar com os pequenos, e
sabem que é preciso uma dose de paciência quase santa, andar sem
pressas nem limites de tempo, e ajustar a viagem de acordo com as
necessidades deles para que todos os passageiros possam disfrutar
desse tempo sem muito stress ou preocupação.
Eu
pessoalmente adoro viajar de carro, e incluindo as minhas mais
pequenas nos preparativos e nas viagens, sei que estou a passar-lhes
esse gosto também. É fantástico poder cruzar três países
diferentes, misturar-nos muitas vezes com os nativos de onde
passamos, e aprender um bocadinho do nosso mundo, trazendo connosco a
alegria de saber que por uns minutos fizemos parte de uma realidade
diferente.
por Leonor Silva de Matos
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