Lembro- como se fosse hoje. Foi
precisamente há 39 anos. Até o dia da semana foi o mesmo!
Quinta-Feira. Quando soubemos que a revolução estava na rua,
saímos também.
Era Primavera, e a partir desse dia a
vida dos portugueses modificou-se completamente.
Passámos todos a ter direitos que eram
até então privilégio de alguns, como direito a um mês férias
pagas, subsídios de Natal e de férias, salário mínimo e até
salário máximo, as mulheres passaram a ter os mesmos direitos que
os homens e a poderem intervir na vida do país.
As prisões de Caxias e Peniche abriram
as portas e muitos anti fascistas saíram em liberdade aplaudidos
pelo povo que os esperava.
Passámos a trabalhar arduamente, e,
este povo fabricou ferro e aço porque havia uma Siderurgia, fez
comboios porque havia uma Sorefame, pescou porque tinha barcos,
cultivou a terra porque ela era e é fértil e trabalhou muito na
metalomecânica, nos têxteis, etc.
Dir-me-ão: Mas antes do 25 de Abril de
1974 não se trabalhava? As fábricas não existiam já?
Sim. As fábricas já existiam e os
campos sempre foram férteis, mas pertenciam a meia dúzia de
famílias que exploravam os trabalhadores com salários miseráveis
que mal davam para sustentarem os seus, enquanto os patrões viviam
principescamente.
Muitos desses patrões foram para o
estrangeiro e deixaram as fábricas e os campos. Não sei porquê!
Aliás para onde quer que foram continuaram a viver bem.
Passámos a viver a verdadeira
democracia, discutíamos o nosso destino nas fábricas, nos campos,
nas escolas nos bairros, etc.
Nas férias os nossos jovens (em vez de
andarem a preguiçar pelos campos) acompanhavam a tropa até aos
pontos mais recônditos deste nosso Portugal e contactavam com as
populações mais idosas em verdadeiras campanhas de alfabetização
e informação sobre a realidade que estava a acontecer no país e
que eles desconheciam pois os meios de comunicação não chegavam a
todo o lado como nos nossos dias.
E tudo isto foi possível porque um
punhado de capitães, entre eles, esse herói de seu nome Fernando
José Salgueiro Maia saíram dos quarteis a caminho da capital, para
dar ao povo português o legítimo direito de decidir.
Depois elegemos uma Assembleia
Constituinte que se encarregou de elaborar uma das Constituições
mais avançadas da Europa.
Mas, depois, o povo passou a decidir
mal e os seus direitos têm vindo a ser atropelados de eleição em
eleição, de governo em governo, e, em pleno século XXI estamos a
viver quase como vivíamos em 24 de Abril de 1974, pelo menos no que
respeita aos direitos e à menor consideração por quem trabalha!
por Luísa Loureiro
Este texto conta tanto, diz tanto sobre os portugueses!
ResponderEliminarDescreve muito bem a realidade do nosso pais...
Bjinhosss as duas
https://matildeferreira.co.uk/